quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Crise dos 30 anos

Esta semana uma amiga minha escreveu um texto em seu blog sobre a sua leitura ao longo dos seus "quase" 30 anos. Li, achei muito interessante e fui almoçar. Como não gosto de piadas na hora do almoço, às 13h a TV ganha um canal da TV fechada. Neste horário começa o Happy Hour, na GNT, com a Astrid. Eu quase nunca vejo, mas ontem...adivinhem o tema: a crise dos 30 anos. Ao terminar o programa eu dei um suspiro de alívio total: eu sou normal! É, porque eu me sentia uma anormal, uma doente, deprimida, deprimente, acreditando que a vida foi ficando cinza muito cedo para mim. Haaaa, é a crise dos 30. Fiquei bem feliz.
A coisa é mais ou menos assim: Meu emprego é chato. Odeio o que faço. Vou abrir uma empresa. Não, não. Vou fazer um curso de Yoga. Não, não. Vou comprar uma bicicleta, virar atleta, escalar montanhas, fazer rapel. Não, não. Vou morar na Austrália, surfar o dia inteiro e trabalhar em uma lanchonete. Não, não. preciso arrumar um emprego. Pagam mal. Droga. Quero viajar o mundo. Quero morar na Índia. Quero dormir até as 10h. Quero ser surfista. Quero casar. Quero só juntar. Quero dois filhos. Não quero nenhum. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Juro...estas foram algumas coisas que passaram pela minha cabeça nos últimos meses. (Algumas estou fazendo, algumas farei este ano, outras farei ao longo da vida e muitas eu não farei nunca, eu sei, eu sei). Tenho vivido uma luta constante entre o "ainda sou muito nova" e o "já sou velha demais para isso". São tantas, tantas direções que cheguei a pirar mesmo, fiquei triste e pensativa demais. Um dia, vendo TV, percebi que todas as dúvidas fazem parte da entrada definitiva na vida adulta. Passar por esta crise pode ser divertido e bastante produtivo. No começo eu não tinha a menor ideia do que queria, mas já sabia o que eu não queria mais de jeito nenhum. Começo a me divertir com isso. Sinto-me cheia de coragem para experimentar, explorar, conhecer este mundo e as coisas da vida. Tudo com muita liberdade, respeito e sem a menor chance de eu perder um trem por pudor ou porque não é o certo para fazer. Nem sempre irei fazer as escolhas que são as melhores para mim, mas não pretendo mais fazer o que não estou com vontade. Acho que aos 30 anos podemos nos permitir dizer não com mais firmeza e naturalidade, sem medo do julgamento ou de se sentir fora do grupinho.
Quando eu tinha 15 anos, achava que seria uma pessoa altamente realizada e completa aos 30. Eu teria sucesso na carreira, uma casa linda, um casamento, todos estes blás, blás, blás (que quase morremos por eles). E adivinha? Estou iniciando agora uma nova carreira, ainda estou noiva, não tenho nem um carro para chamar de meu. E quer saber? Eu sou uma pessoa de 28 anos realizada e completa. Como assim???? Alguém pode perguntar. Oras, aprendi e tenho muito certo no meu coração de que a vida não é feita apenas da realização dos nossos sonhos. As frustrações acontecem o tempo todo. Não podemos ter tudo na vida. E o legal é não desgraçar o humor e maldizer a vida por conta disso. O legal mesmo é poder lembrar do nosso passado e saber que o futuro será tão intenso quanto. Comecei a relembrar...tenho ótimos amigos, tenho ótimos pais, passei duas vezes na UFPR, tenho sobrinhos lindos, fui voluntária, fiz ballet, dancei no palco do Guaira, ganhei prêmios, ganhei algum dinheiro, morei na Europa, comi horrores de chocolate e queijo suíços na Suíça, engordei e perdi 14 quilos, rolei na grama, comi sorvete de laranja com cenoura, falo inglês, eu sei dirigir, já li o Chatô, aprendi a surfar, saí de casa escondida, usei aparelho, larguei vícios, amei e amo profundamente, tenho o Ed, chorei de felicidade milhares de vezes, fui para Fernando de Noronha, arranho alemão, virei vegetariana, aprendi a dar nó no corpo, fiz as pazes com Deus, nado muito bem, faço as pessoas rirem, faço crochê, ahh dei meus pulos...entre tantas e tantas outras minhas coisas.
Por que eu ficaria triste agora? Claro que neste tempo eu não fiz tudo na hora que eu queria ou do jeito que eu queria, mas foi a forma que deu ou que eu pude. Este foi e continuará sendo o meu jeito, a minha vida. Não se trata de ser acomodada. Trata-se apenas de não ser tão pesada, de viver a vida mais leve e seguindo em frente.
Ahh que venha a crise dos 30. Eu estava pronta para ela e nem sabia.

5 comentários:

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  2. Amor, a verdade é que na vida, seja em que fase for, há muito mais a se comemorar do que a se lamentar. O problema é que gostamos de complicar tudo, de reclamar, de cultuar o que aparentemente não está certo. A maior parte de nossos problemas não existe na realidade. Já reparou nisso? Vivamos mais e choremos menos. Beijos

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  3. Aline, uma vez li em algum lugar que envelhecer ganha da alternativa "morrer jovem". E não é que é mesmo? Amo meus quase 30 com tanta intensidade que os meus 15 ficaram obsoletos lá atrás. No final das contas, bem no fim de tudo mesmo, tudo o que importa verdadeiramente é que você amou. Faça tudo com o amor de sempre, não importa o quão camaleoa você seja nas suas escolhas! E que venham os 30, os 40, os 50... os 100.. e por que não? Beijos

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  4. Ah, sua chata. Seu post me fez chorar no trabalhooooo... Curta muito sua crise dos 30. Eu já devo estar nela tbm, he

    Beijos

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  5. É gente. O legal é bem isso. Dar mais atenção para as coisas boas e simples da vida, como sugeriu meu amor, Ed.
    E se for pensar no que amei, Camila. Nosssaaaa amei e amo cada pequeno momento. Cada pequena criaturinha da natureza. (Com alguma exceção para alguns "seres humanos", é claro, pois não sou Madre Teresa, não é?! - risos).
    Ahhh, Má. Fica triste não. Acho que passar por uma crise é ruim no começo, mas divertidissimo no final. Se você já estiver na sua, me chama. Será ótimo rirmos de tudo!
    Um beijão e obrigada, queridos.

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